Não era a meia maratona, mas até podia ser.
Não andavam a distribuir electrodomésticos, mas até parecia.
Não tinha aberto a época de saldos (ainda), mas era vê-los a correr que nem loucos.
Ah, pois é... estavam todos a postos na base da escadaria do metro, e ao pressentirem que estava uma carruagem na linha e quase a partir, fizeram-se à pista, ou como quem diz, atropelaram-se como souberam para entrar (como se a próxima carruagem demorasse horrores a chegar!!!!). E eu lá dentro, sentadinha na primeira fila (tive foi que pagar bilhete) a ver senhoras de salto alto como se tivessem a correr para o vestido de noiva mais barato; a feirante de sacos pretos, carregados, rastejando pelo chão; o senhor de gravata, com a mala do portátil a tiracolo a baloiçar e a bater no rabo... Loucos, todos eles... a viverem com os minutos contados por um tempo ditado sem preconceitos mas dotado da imensidão da euforia.
Eu lá continuei, sentadinha, a ver alguns a conseguirem chegar à meta, outros a ficarem pelo caminho, as portas a fecharem e a soltarem um valente F*****.